
Objectos de Vida/Objectos de MorteDesde longa data que os arqueólogos se habituaram a lidar com objectos que, surgidos em contextos diversos, interpelam o investigador sobre o seu sentido ou função. Muitas vezes esses elementos são identificados como objectos rituais, designação que facilita a falta de outra interpretação. O que se pretende, com esta apresentação, é mostrar um conjunto diversificado de materiais que, essencialmente, nos falam de pessoas, daqueles que os utilizaram em vida ou daqueles que os escolheram como forma de ultrapassar a própria morte.
Maria de Magalhães Ramalho (Arqueóloga/IGESPAR, I.P. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico)
19 de Outubro 2007
6ª feira, das 11h00 às 13h00

Contas de colar em calcário, Gruta do Almonda (Torres Novas)
Para os períodos mais remotos da história da humanidade, em particular quando se tratam de sociedades de caçadores- recolectores nómadas, o conceito de joalharia possui naturalmente um conteúdo simbólico distinto. A utilização/transformação de uma matéria em objecto-jóia não é automaticamente inteligível dada a própria natureza do registo arqueológico.
Quando, como e porquê, em que tempos e em que contextos se aproveitaram e produziram adornos e outros objectos simbólicos? Até que ponto estes items constituem provas, arqueológicas, da existência de um pensamento simbólico; da aquisição de habilidades cognitivas culturalmente modernas? São problemáticas a discutir nesta aula, enquadradas por dados de natureza empírica: das matérias primas às modalidades tecnológicas de produção de artefactos simbólicos.
Ana Cristina Araújo (Arqueóloga /IGESPAR, I.P. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico)
27 de Outubro 6ª feira das 11h00 às 13h00
Entre murmúrios e oraçõesAspectos da vida quotidiana no Convento de Santa Clara-a-Velha captados através do espólio funerário (sécs XVI e XVII)O espólio funerário exumado na escavação arqueológica das sepulturas do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, de Coimbra, será apresentado com o objectivo de revelar o universo da intimidade quotidiana das clarissas dos séculos XVI e XVII. Pretendemos partir do contexto da morte para, através de um percurso ilustrado pelos pequenos objectos funerários, alcançar uma imagem da vivência feminina no contexto da clausura de uma Ordem Religiosa mendicante. Não se poderá falar, certamente, de joalharia, nem, propriamente, de uma imensidão de ricos e preciosos objectos de adorno pessoal, mas o que será que as monjas da Ordem de Santa Clara, após renunciarem à posse de bens temporais e de professarem o voto de pobreza, usariam em vida e levariam consigo no momento da morte? Quais seriam os objectos? Para que seriam usados? O que significariam? Onde e como seriam produzidos? As peças arqueológicas, aparentemente quase insignificantes, evocam importantes aspectos da vida da comunidade monacal, contando muito da sua história privada e anónima e transmitindo conceitos fortes, tais como, a pertença do corpo, a posse e o uso de objectos pessoais, a identidade, a privacidade, a feminilidade, a individualidade, a religiosidade, as crenças e as orações proferidas num mundo de silêncios e de murmúrios.Teresa Mourão (Arqueóloga /IGESPAR, I.P. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico)
9 de Novembro6ª feira das 11h00 às 13h00